Parvoíces do País Real

No início deste ano comecei a trabalhar como "Trabalhador Independente" e para não fazer asneiras, dirigi-me a uma Repartição das Finanças (mais apenhada que o Centro de Saúde) em vez de o fazer via net. Atende-me um funcionário com lentificação motora (e não só):

Miguel (M) - Bom dia!
Funcionário (F) - Bom dia, diga lá. (estive quase para dizer...)
M - Pretendo dar Início de Actividade no regime de Isenção.
F - Dê-me o seu cartão de contribuinte. (já estava em cima da mesa...)

Passados uns largos segundos...

F - Pretende estar no regime de isenção para estas duas actividades profissionais?
M - Exactamente!

Passados mais uns bons largos segundos...

F - Para a primeira actividade está isento até ao limite dos 10 000€, para a segunda actividade está sempre isento. Tem de especificar qual o regime de isenção quando emitir algum recibo verde.
M - Sim, eu sei. (10 000€... nem lá perto, mas enfim...)
F - Pronto, então agora assina nesta cópia e fica com a outra para si.

Até aqui a história empolgante estava a correr lindamente. O senão: pedi ao meu tio para confirmar se tudo estava bem e... resultado? NÃO! O parvalhão do funcionário colocou-me no regime de tributação trimestral do IVA... O que implica cobrar IVA e fazer retenção na fonte de 20%... Toca a lá ir de tarde, mas o burro já não podia fazer porque ele não tem esse tipo de permissões...

Lá fiz uma carta, para o chefe da repartição, a informar do erro do funcionário e que pretendia ver a situação corrigida... Já passaram 3 meses e 3 idas às finanças...


Hoje, saído na noite (11h e meia de trabalho), depois de ter feito uma múmia (houve um óbito às 7h), mais 50 km de viagem para Braga, lá fui às finanças para ter novidades...

O dito funcionário foi para a reforma e "não resolveu o problema" (foi a forma simpática que a funcionária de hoje teve para dizer "ele nem tocou no assunto"). Agora nem eles sabem bem o que fazer, porque devia ser o próprio funcionário que faz o erro a pedir a sua correcção. Como a peça rara está na reforma, como é óbvio não será ela a fazer o pedido... E agora, as finanças de Lisboa podem-se recusar a fazer a correcção, de um erro que não foi meu!...

Resultado, ainda bem que estava sedado de ter feito a noite... caso contrário a funcionária podia ter ouvido o que não gosta...

Como diria alguém "E o burro sou eu?..."